28 abril 2006

Faça-se investigação neste país!

Recente conversa fez-me (re)pensar sobre um assunto.

Há quem considere a escrita dos blogs fechada, voltada para dentro e umbigoniana (palavra inventada por mim e uma das melhores invenções, até ao momento, if I may say so). Ora se a escrita reflecte quem a pratica, serão os bloggers pessoas com estas características? Já me referi a este assunto num post anterior: Acho que estou a desenvolver uma relação de amor platónico com o meu blog e como tal não me vou repetir. Vou apenas dizer que como disse alguém antes de mim, “há blogs para tudo” e por conseguinte (acrescento eu), haverá bloggers para tudo.

Ainda assim e, mais uma vez, na continuação da linha do Haja Rigor!, sou da opinião que se deveriam fazer estudos científicos sobre os bloggers, com vista a caracterizar o seu comportamento... e gostava que, já agora, um dos parâmetros do estudo fosse a probabilidade de incidência de esquizofrenia na blogosfera.
É que eu acho que sou esquizofrénica.
Estás parva? Não és nada esquizofrénica; continua a escrever.

Tenho dito.

27 abril 2006

Nota da autora: Ainda não digeri.

Como é óbvio o nome da garota nada me interessa, tanto podia ser Suri como Yuri. Mas agora, dar à luz sem poder berrar, sem poder rir muito alto, ou chorar em pranto?

Parir ou não parir, eis a questão

Li em qualquer lado (I will not be held responsible for this) que Katie Holmes, a pedido do namorado, Tom Cruise e por causa da sua religião – a Cientologia –, deu à luz Suri de 3,500kg, em casa, sem a administração de analgésicos e no mais completo silêncio, isto é, sem gritar, nem tão pouco emitir qualquer som.

Apesar do assunto ser tão merecedor de atenção como o velho problema de coçar a micose, apeteceu-me salientar aqui um ponto que me parece verdadeiramente chocante. Que raio de nome é Suri?

Adoro secas

Do you know that joke about the squinted teacher that couldn't keep her pupils straight?

(...)

Pedante é uma palavra pedante

Não acham? A palavrita é puro sinónimo de sabichão mas tem a mania...

Maiz do mezmo

Noutra parte do bloco, pode ler-se:
"Oferta da gravação a lazer e da personalização têxtil na compra de qualquer produto."
Mas só se for gravação a lazer? Oh e eu que queria uma a laser.

26 abril 2006

A diferença que faz uma anástrofe

Um bloquinho de descontos em lojas de shopping reza assim:
"10% em carteiras em pele de senhora"
Então e os direitos das senhoras?
Há que tomar consciência de toda a parafernália de questões bioéticas que se colocam: contrabando de carteiras de pele de índia da tribo Tupis da Amazónia, contrafacção de carteiras em pele de senhora, tráfico de pele de senhoras geneticamente modificadas, imitação de pele de Giselle Bundchen, extensão da fabricação de carteiras a sapatos, porta-chaves e afins.
Não existirá ainda organização que defenda as senhoras contra a produção de carteiras em pele de senhora? Não? Basta, temos a obrigação de parar com esta desumanização. Crio, neste momento, o Movimento Opressivo das Carteiras em Pele de Senhora e Derivados.

E não é que a poesia recheia a alma?

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Carlos Drummond de Andrade

24 abril 2006

Ideia disparatada disfarçada de ideia brilhante I

Acabei de ter uma ideia brilhante.
Como sabem, a vesícula biliar não é essencial para o correcto funcionamento do organismo. De facto, quando ela deixa de funcionar por doença ou é extraída cirurgicamente, os canais biliares intra e extra-hepáticos dilatam para conseguirem conter mais bílis, sendo que depois das refeições, o esfíncter de Oddi abre-se e a bílis, com pressão aumentada, é encaminhada para o intestino. Sem a vesícula, embora o caudal de bílis seja menor, a quantidade é suficiente para desempenhar sua função digestiva.
Então, porque não retirar a vesícula antes de ela começar a dar problemas? Aproveitava-se, tirava-se o apêndice e ficava o assunto resolvido.
Isto tudo para dizer: "Amo-te, mãe".
BR

23 abril 2006

O "tracinho te"

Hoje vou escrever sobre uma coisa que me deixa piursa! Aliás, corrijo: para lá de piursa - que por si só já é pior que ursa.

Falo do "tracinho te" e , já agora, do "tracinho mos". Para exemplificar aqui vão duas pérolas: " "O que fizes-te ontem?", "Onde janta-mos?".

Pois bem, ficam a saber que não há nada que me ponha tão cega de nervos como estar a ler alguém que escreva tal disparate - hum... talvez haja, mas não interessa para o caso.
Este acto de vandalismo gramatical é de apetecer dizer: "Ó energúmeno, porque não vais hifenizar o cara-ças?".

Nota: A palavra "caraças" aparece, neste post, eufemisticamente, em substituição de uma outra que não me deu na real gana escrever.

20 abril 2006

Caso verídico

Fui a um café comprar cigarros e não tinha dinheiro trocado. Pedi ao senhor da caixa se me trocava a nota de 10 €, para poder comprar o tabaco na máquina e ele disse: "Eu trocava, mas a menina já é maior de idade?"
Pensei mas não disse: Ou o senhor vê muito mal, ou não tem jeito para fazer galanteios...

19 abril 2006

Acho que estou a desenvolver uma relação de amor platónico com o meu blog


Já muito se disse sobre a vaga dos blogs e sobre o que leva as pessoas a escreverem o que pensam (ou o que não pensam) numa página da World Wide Web. Muito se dissertou sobre a escrita “blogueira”: se é reflexiva, intromissiva, compulsiva, ou qualquer outra terminada em -iva.
Na minha opinião, a escrita é como se quiser (ou puder) e no meu caso, para não fugir à terminologia, é obsessiva, e (excepção que confirma a regra) amorosa. Acho que estou a desenvolver uma relação de amor platónico com o meu blog, e como em qualquer relação nem lhe vejo os defeitos... Sim, eu sei que ele tem defeitos (e muitos) mas é como se não tivesse e eu amo-o na mesma, porque deixa que eu lhe dê a guardar tudo o que me apeteça dar e não exige quando não me apetece ou não tenho nada para dar. Vai guardando o que eu lhe conto e não se queixa quando lhe digo uma piada sem graça ou lhe confesso os meus pensamentos sem sentido; não me julga quando critico ou desdenho de algo (alguém) e traz-me respostas de perto e de longe de conhecidos e desconhecidos.

Eu amo o meu blog e amá-lo-ia mesmo que ele me murmurasse: “Sua narcisista, achas que isto interessa a alguém?”

18 abril 2006

Vai uma aposta?

Tem dias que me dá para isto... Escrever a brincar por doer escrever a sério. E por me apetecer usar o tempo a repensar cada idiotice de forma a torná-la mais idiota. E porque me rio das próprias patetices. Um bocadinho só. Não fica nada bem, dizer que me acho piada ou lá virão os intelectualóides com mania que não são intelectualóides e se disfarçam de tipos cool mas que são uns intelectualóides snobs dizer que a falta de humildade faz secar o talento. Não, é que “eu sou uma pessoa muito humilde”!

(Havia de cair a guilhotina no pescoço de cada pessoa que diga tal coisa. É como dizer, de sorriso nos lábios e mão a alisar o cabelo: “Não, não me tires fotografias”.)

Bem, porque é mais difícil fazer rir do que enternecer e nem todos os dias tenho ternura para distribuir pelos posts... fiquem-se com as minhas palhaçadas e não percam a fé. Hei-de escrever algo com jeito no espaço de uma semana...err um mês, é isso.

Aposto um jantar de lagosta!

À la carte!

Ele: Que te apetece comer, querida?
Ela: Não sei. Que queres tu amor?
Ele: Não sei. Escolhe tu.
Ela: Não, escolhe tu, amor.
Ele: Não, quero que escolhas por nós, querida.
Ela: Escolhe, vá, eu não sou esquisita.
Ele (voltando-se para a empregada): Menina, por favor. Para começar vamos querer mioleira cozida e rins à rancheira; depois pode vir uma dose de fígado de cebolada e outra de língua de vaca estufada com ervilhas. E enguias, enguias ensopadas. Obrigado.

Toda eu exulto. Urra, urra.

O Partes Infinitesimais atingiu os 100 visitantes... Marco histórico; lágrima ao canto do olho. Nunca imaginei que tantas vezes uma ou duas pessoas cá viessem. Agora a sério: nunca imaginei que tantas vezes uma ou duas pessoas e eu mesma cá viessemos.
Agora mesmo a sério: É bom saber que a minha casa também é um abrigo!

“Esta é uma noite para comemorar”

BR

Sô Dotôra ou Inginheira?

Cá na vila onde moro, perguntam-me muitas vezes que curso tirei. Assim que começo: “Engenharia d...” interrompem-me: “Ah Engenharia. É um curso muito bom. Engenheira, sim senhora!” E açenam satisfeitos... sem me deixarem terminar.

E se eu fosse licenciada em Engenharia de Gestão de Casas de Alterne, ou em Engenharia de Sistemas de Tráfico de Droga, ou, quem sabe, em Engenharia de Parqueamento - Vertente de Destroçamento (que é aquilo que os senhores arrumadores nos mandam fazer ao estacionar: “Destroce, destroce!”)?

Não pode ser. É importante terminar as...! Senão como é que nos...? Pois, não pode...!

Exemplo:
Jovem-com-saia-às-pintas: Então como está a tua mãe?
Jovem-que-não-termina-as-frases: Está...! Foi ao médico e ele disse que era...!
Jovem-com-saia-às-pintas: Olha não te queres ir...?

17 abril 2006

Vou para o inferno, de certezinha!

Estou no Centro de Saúde, à espera de vez, maldito caroço que me tem tirado o sono, e cheira-se um cheiro que nem chega a ser o de hospital porque é de éter misturado com soro, mas falta-lhe a fragância da sopa de nabo.

Uma mulher, sentada ou pouco mais perto da porta, vai escarrando para o lenço enquanto o marido, ao lado, dá umas trincas cuidadosas (não vá a placa ficar agarrada) numa sandes de presunto. Já cá estavam quando eu cheguei; aliás, têm ar de quem já cá estão há uns dias.

Estão mais pessoas com ar doente, deve ser um nodulozito sem importância, não penses nisso, sentadas nos bancos azuis inaugurados pelo presidente da junta na semana passada. E eu não me consigo concentrar no livro. Em vez disso, miro as indefiníveis. As indefiníveis (porque ainda não arranjei palavra que me apeteça chamar-lhes) estão sentadas na beirinha dos bancos e falam alto aquela voz nasalada das “amigas das mães”. São loiras bem tingidas e bem vestidas e mugem uma para a outra:

Indefinível 1: Como é possível?
Indefinível 2: Não sei.
Indefinível 1(revirando os olhos): Não entendo como é possível que ainda existam pessoas a insistirem em pronunciar Chelsea em vez de Chelsee...
Indefinível 2: Falta de ouvido, minha querida.
Indefinível 1: Falta de educação, isso sim. Está um cheiro esquisito, não está?
Indefinível 2 (enojada): Está, está. É este sítio.
Indefinível 1: O Kikas deve estar quase a sair. (Suspira).
Indefinível 2 (afundando-se um pouco no banco): Então não vês? Ainda tem esta gente toda para atender.
Indefinível 1: Então passa aí o vaporizador.
Indefinível 2 (procura no necessaire dourado um frasquinho de perfume que passa à outra).
Indefinível 1(vaporiza 3 vezes o Donna Karan para o ar em torno das duas e volta à cara de enfado).

Ainda penso se me levanto e lhes tusso para cima. Que porra de caroço que parece que cresce. Ou se a senhora que cospe para o lenço se engana no alvo... Mas não; só rogo pragas silenciosas...

I’m gonna go to hell when I die”!

16 abril 2006

BR's favourite expressions - Parte I


Não são provérbios nem citações e não tem nada a ver com valores culturais ou artísticos... São unicamente expressões que, para falar com franqueza, nem sei se existem mas que já ouvi alguém dizer.

E se alguém as disse é porque existem nem que seja no imaginário de quem as inventou. Um exemplo é a palavra (e esta pertence-me porque fui eu que inventei) quandocalhário. Porque ha-de chamar-se diário a um caderninho onde escrevemos coisas quando nos "dá na real gana"? Quandocalhário não obriga a que se escreva todos os dias e ao mesmo tempo dá liberdade para que se escreva mais do que uma vez por dia. "Dar na real gana", não é minha invenção, como é óbvio, mas também me agrada. Gosto de fazer coisas que me "dêem na real gana".

Outras expressões há que ouvimos uma vez e nunca mais nos esquecemos, como é o caso da que a Nádia, na 2ª classe, usou para ameaçar a Susana Margarida: "Olha que eu nico-te o corpo!"

Para que não fiquem esquecidas e devidamente contextualizadas, seguem outras que me fazem arrebitar os cantos dos lábios sempre que as ouço - porque para além do mais, fazem-me lembrar dos domingos à tarde no campo do S. Félix com o meu pai.

Em vez de "fora de jogo" havia o "offside". Até aqui tudo bem... o que tinha piada era a forma como soava, por baixo dos bigodes farfalhudos do Homem-Vassoura: "Obsaaaaide, está obsaaaaide". A par do "obsaaaaide" havia o "bolabaraige", que não era mais senão o "goal average"...


"Bons tempos"!

12 abril 2006

Cara lavada

Ora aqui estamos... de cara bem ensaboada e alma enxugada! Cores mais quentes e cheias e contornos mais redondos e confortáveis. Estou em casa!!!
Um abraço para todos,
BR

11 abril 2006

Nuvens isoladas em forma de filamentos brancos e delicados


"No me olvides
yo me muero
Amor
mi vida es sufrimiento
Yo
te quiero en mi camino
Por vos
cambiaba mi destino

Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti, por Dios
entrégate a mis brazos.

Tengo
un corazón penando
Yo
sé que vos lo está escuchando
Con
mil lágrimas te quiero
Pasión
sos mi amor sincero

Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos"

Rodrigo Leão, Pásion

07 abril 2006

Um repto

Preciso de tempo!

Uma coisa que me angustia é a percepção de que existem assuntos acerca dos quais não percebo nada, nada de nada. Ou seja, percebo apenas aquilo que ouço e vejo nos meios de comunicação social e aquilo que me dizem. Ora isto não é nada, ou é, manifestamente, muito pouco. E por isso me sinto ignorante. Resolução de 4º mês do ano: cultivar-me... à bruta, voraz, para saber pelo menos um bocadinho de nada.