06 novembro 2006

Pelos Caminhos-de-ferro de Portugal

Ontem quase sofri de uma encefalopatia hipóxica de tanto me rir. A situação não teve graça alguma, desenganem-se. Eu não tinha bebido, pelo que a única explicação que encontro é a de que o sono para além de anestesiar, inebria, entontece e embriaga.

Pelas 20h de ontem, devia ter apanhado o comboio para o Porto na estação do Entroncamento, mas com a inundação do túnel de Fátima, tive de apanhar antes um transporte alternativo, vulgo CAMIONETA, até Pombal onde estaria um comboio À ESPERA (sou tão inocente) para nos levar ao Porto. Pois bem, o senhor motorista da minha CAMIONETA no que me pareceu um desvairo alucinatório decidiu ir e cito “por dentro” por causa de uma fila de 6km de comprimento na auto-estrada. Até aqui, tudo plausível. A CAMIONETA arranca, o senhor saca do microfone e revela a sua faceta de guia turístico.

Juro-vos que parecia que ia num passeio religioso: “e agora à direita o Santuário”, “ à esquerda a estradinha para a casa da Lúcia” e “aqui nesta rotunda, o monumento erigido em honra dos peregrinos”. Eu, dividida, ora ria, ora temia pela vida. O senhor, uma mão no volante e outra a agarrar o instrumento, falava, falava, falava e eu quase que ia jurar que mais 10 minutos e estaríamos todos a rezar o terço ou a cantar um par de salmos.

A Falta de Tempo ou O Caso do Sumiço

Juntando-me à horda de gente que se queixa de falta de tempo, aqui estou eu fazendo da voz dos sem-tempo, a minha voz. É isso que eu sou, uma sem abrigo do tempo. E agora, como sabem chove e aluem terras.

Avizinham-se tempos difíceis para a falta de tempo. Ouvi na meteorologia que o tempo tende a piorar, pelo que deduzo que o meu se vá encurtar ainda mais. Mas eu, mulher de muita fé (em mim e nos outros), acredito que não. ACREDITO que já é tempo de ter tempo para ter tempo. Ou fazer tempo. Fazer bom tempo…