I Had a dream
Sonhei que me perdia e que não tinha voz, não sabia gesticular e não me lembrava do meu nome, nem de onde era ou a quem pertencia. O reflexo do vidro de uma paragem de autocarro mostrou-me que eu não era eu, nem me parecia comigo. Sonhei que era uma estranha, e procurei, dentro do sonho e sabendo que estava a sonhar, saber quem era e por dentro continuava a ser eu, a que sou agora acordada. Um corpo e uma alma, um nó de escolhas e de encruzilhadas mentais, uma equilibrista emocional, uma caixa de memórias e um espírito ávido por entender o que ainda não entendo. No sonho, era infinitamente triste e estava desconcertada por não saber quem era, ainda que subconscientemente soubesse que me bastaria abrir os olhos para me recordar.
Pior do que eu ser e não ser eu, simultaneamente, era a forma como me sentia. Sozinha, num deserto de emoções, num rosto que não era o meu, com braços que não se movimentavam como os meus, com pernas que não obedeciam ao desejo de correr e com um cérebro atrofiado, que não encontrava solução, misturava unidades com grandezas e fórmulas com postulados. Desespero, agonia.
Acordei, por fim, porque tive medo de me esquecer a sério de mim.
E, agora que penso nisso, não é que me ando mesmo a esquecer?
Pior do que eu ser e não ser eu, simultaneamente, era a forma como me sentia. Sozinha, num deserto de emoções, num rosto que não era o meu, com braços que não se movimentavam como os meus, com pernas que não obedeciam ao desejo de correr e com um cérebro atrofiado, que não encontrava solução, misturava unidades com grandezas e fórmulas com postulados. Desespero, agonia.
Acordei, por fim, porque tive medo de me esquecer a sério de mim.
E, agora que penso nisso, não é que me ando mesmo a esquecer?
8 Comments:
Hm... título muito original, estou a ver... como se não bastasse ter de andar a escrever sobre a vida de pessoas próximas, BR ainda plagia...
Caro(a) Lápis Azul:
Ora, porque aqui não há CENSURA nem gosto de mal-entendidos, aqui vão alguns esclarecimentos:
Eu não "tenho" de andar a escrever sobre a vida de pessoas próximas, eu faço-o porque a vida de cada um (a minha neste caso) é constituída de retalhos da vida dos que lhe (me) são próximos, endogeneizados como se da (minha) própria vida se tratasse.
"I had a dream" é diferente de "I have a dream" (Martin Luther King) e só quer dizer que eu tive um sonho... que fui para a cama, adormeci e sonhei.
Abraço,
BR
"retalhos da vida (...) endogeneizados como se da (minha) própria vida se tratasse"
Muito bonito, sim senhor. Mas, perguntou aos seus amigos se eles querem que ande a escrever sobre eles? Perguntou-lhes se querem que "endogenize" a vida deles? Estou a ver que é uma amiga um pouco absorvente...
Pois... a subtileza de mudar o tempo verbal é muito inteligente, mas não me parece que a livrasse de uma acusação de plágio.
Olá Lápis Azul!
Não estaria eu a ser egocêntrica se escrevesse apenas acerca de mim mesma? Quanto ao facto de escrever sobre a vida dos meus amigos, não sei o que o levou a pensar isso. o que é possível é que eu tenha deixado escapar "nas entrelinhas" de uma conversa que não escrevo só sobre mim, mas sobre o que me rodeia. Ou ter-se-á revisto no meu post?
Parece-me que está a levar o seu título de Comissão de Censura muito à letra... A menos que o MLK tenha patenteado a frase, julgo poder usá-la quando bem entender no presente, no passado ou no futuro. Por isso, na próxima noite, if (no condicional)I have a dream, amanhã escreverei sobre ele...
Abraço,
BR
Estaria, sem dúvida, a ser egocêntrica, se escrevesse só sobre si... mas era melhor do que escrever sobre terceiros num espaço "público" e de acesso livre.
Não tenho particular interesse em censurar textos. Apenas lamento a falta de originalidade...
cumprimentos,
la
Estimado Lápis Azul:
Não gostaria que lamentasse. Lamentar é lamentável por si só; lamentar a falta de originalidade de outra pessoa porque ela escreve sobre o seu dia-a-dia e dos que lhe são próximos, sem os nomear e fazendo-lhes um tributo tácito é mais lamentável ainda.
Mas eu não lamento! Acho muito bem que cá venha deixar a sua opinião. E se houver algum post em particular que não lhe agrade ou fira a sua sensibilidade, let me know e prometo que farei melhor no futuro.
Já agora, uma pergunta. Se não tem "particular interesse em censurar textos" porque se auto-denomina "Lápis Azul"?
Tenho pena (lamento?) que lamente (embora diga o contrário) que eu lamente a sua falta de originalidade, mas não sou insensível. Quando leio um texto, reajo e formo opinião. Mas, para lhe provar que não tenho a intenção de censurar nada, até porque não tenho esse poder, confesso que já gostei mais do seu mais recente post. É honesto, não pretensioso e não versa sobre terceiros.
Porquê Lápis Azul? Porque sou do FCP.
Cumprimentos,
la
Olá, Lápis Azul
Como isto não é um blog de lamentações (embora por vezes pareça), deixemos de lado as penas.
Gostaria apenas que soubesse que o último post é tão honesto e pretende ser tão (des)pretencioso como o penúltimo; a diferença poderá residir na interpretação que o meu cunho pessoal, de fraco, deixou à consideração de cada um.
Mas ainda bem que gostou!!!
Continue a passar por cá. Pode ser que eu não escreva tantas vezes sobre terceiros, mas sobre segundos, quintos e últimos. E pode ser que no meio de vinte, um post lhe agrade e o faça continuar a cá vir.
Abraço
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